A FACE CRUEL DA JUSTIÇA

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Desde os primórdios, o homem se defronta com as mais variadas formas de confrontos e desentendimentos.

O primeiro casal habitante natural da Terra comeu de uma fruta proibida, desobedecendo a Deus e ofendendo-o infinitamente. Com esse gesto, praticou uma ação considerada pecaminosa e atroz.

Para apagar esse pecado infinito, que se transmite geneticamente, requer-se um sacrifício infinito.

Diante disso, Deus manda à Terra o seu filho, que afinal é ELE mesmo, a fim de Lhe ser oferecido em holocausto, capaz de aplacar o seu ressentimento Divino, também infinito.

O filho, mesmo sendo inocente, é condenado e assassinado, pelo seu próprio povo, ( o povo judeu ) a quem outrora, Deus havia prometido a redenção. Evidentemente não morre, porque é Deus.

Podemos afirmar que todo tipo de desentendimentos, injustiças e guerras, tiveram sua origem neste fato tão puro quanto singelo da HISTÓRIA DA HUMANIDADE.

É assim para o mérito do sacrifício, como ocorre quando heróis humanos oferecem suas vidas, a uma causa ou a um ideal.

Na tentativa de reconstrução do arcabouço histórico, fundamentado na Gênese, bem como das várias situações que se configuram objetivas e realistas, há de se resgatar as principais causas que envolvem os critérios para a concessão da tão almejada LEI DA ANISTIA.

O objetivo maior ainda não foi alcançado e dentro das nossas limitações, apelamos para uma JUSTIÇA que esconde, ou procura esconder, a verdade que se configura pura e cristalina. A questão está sendo maltratada também, no ambiente político, tornando-se SUSPEITA E ANACRÔNICA.

A luta de idéias das mais variadas formas, torna-se confusa para aqueles que não litigam no âmbito do Judiciário e se transforma em desespero de causa para os que amargam vários anos de espera por uma solução que se vislumbra atemporal. Estamos pagando um tributo muito caro, na medida em que os Senhores Magistrados e Governantes, não querem reconhecer o que é de Direito Concreto e mensurável.

O tratamento diferenciado e humilhante nos obriga a lutar e a contestar, veementemente por essa DESIGUALDADE.

A quebra completa de PARADIGMAS impressiona.

Por conta de uma Lei que foi ARBITRARIAMENTE dividida em duas partes, “DENTRO DA NOTA e FORA DA NOTA” e “PRÉ e PÓS 64”, estamos nos distanciando de colegas que foram beneficiados por ela e que sofreram na pele os infortúnios do qual também participamos.

No centro desse impulso convergente, está o sentimento de frustração dos EX-CABOS PÓS 1964 da Força Aérea Brasileira que orgulhosamente defenderam a Pátria com “FÉ, AMOR, EXALTAÇÃO, PAIXÃO e DISCIPLINA” pela Soberania Nacional.

O Golpe Militar de 1964, estende-se até hoje com desdobramentos vingativos e rancorosos, contaminando os MILITARES DA ATIVA, COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS e do PODER JUDICIÁRIO.

É inconcebível que a Portaria 1.104/GM3 de 12/10/64 e um Ato Esquálido do Senhor Ministro da Justiça, se transforme em feudo, escravizando milhares de EX-CABOS Pós 1964 da Aeronáutica.

O Conselho de Defesa da Pessoa Humana, Art. 4º estatui: – Há que se promover inquérito, investigações e estudos acerca da eficácia das normas asseguradoras dos direitos da pessoa humana, inscritos na Constituição Federal, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres Fundamentais do Homem e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

É isso que precisa ser feito essencialmente.

Esta é uma condenação formal e peremptória da medida brutal que acabam de ser vítimas os ex-Cabos Pós 1964 da FAB, por mesquinha perseguição dos Senhores Governantes, Comissão de Anistia e do Judiciário como um todo.

Por mais obscura que seja a situação de nossa causa, lutaremos sem desfalecimento, com denodo e energia, para restaurar a dignidade de nossas vidas, atualmente prescrita de forma atentatória pelo REGIME MILITAR OCULTO, que tanto nos oprime.

Iremos dentro da ordem e por meios pacíficos, pugnar os atos cometidos por forças contrárias às Instituições Democráticas, ditados pelas forças das armas entre 1964 e 1968.

Não iremos abdicar de nossos direitos e aguardaremos com fé inabalável por uma Justiça igualitária para todos.

Por mais CRUEL que seja A FACE DA JUSTIÇA, ainda acreditamos numa ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA.



Hidelberto Milanês

EX/APM/ASANE

milartbusiness@terra.com.br